Que te importa? Quanto a ti, segue-me!

 




Como você deve ter notado, estamos estudando os 49 mandamentos de Jesus Cristo. Hoje, iremos explorar aquele que considero parte do conjunto de mandamentos tríplices, que claramente responde à pergunta: "Quem habitara com Deus?" Isso é evidenciado nos dois primeiros mandamentos, que destacam a importância do arrependimento e do novo nascimento. Você, talvez curioso, já tenha se questionado: "Qual vem primeiro, o arrependimento ou o novo nascimento?" Essa é uma questão teológica que tem gerado debates entre os cristãos.

Eu mantenho a convicção de que a regeneração ou novo nascimento é uma obra soberana de Deus, precedendo e capacitando a conversão do pecador. A conversão envolve arrependimento dos pecados e fé em Cristo, ambos frutos da nova vida concedida pelo Espírito Santo. Portanto, o novo nascimento precede o arrependimento na conversão.

O essencial é reconhecer que tanto o arrependimento quanto o novo nascimento são dádivas divinas, demonstrações da graça e misericórdia de Deus para conosco.

Vejamos o que Jesus diz sobre o novo nascimento:

"Humanamente falando, um ser humano só pode gerar vida humana. Mas o Espírito dá vida espiritual. Portanto, não fique surpreso quando eu digo que vocês precisam nascer de novo. O vento sopra onde quer. Assim como você ouve o som do vento, mas não sabe de onde vem nem para onde vai, assim acontece com todos os que nascem do Espírito." - João 3:6-8

E é pelo Espírito Santo que a vida nasce, um verdadeiro milagre.

 E o arrependimento? 

"Instruindo com mansidão aqueles que se opõem, a ver se porventura Deus lhes concederá o arrependimento para conhecerem a verdade." - 2 Timóteo 2:25

É o próprio Senhor Deus que concede o arrependimento. Assim, sem a intervenção divina, nenhum de nós poderia ser salvo de nossos pecados e entrar no reino de Deus. Como Jesus disse a Nicodemos: "Eu lhe afirmo que, se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus." (João 3:5).

Agora, vamos explorar o mandamento do dia:

Saindo, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe: “Siga-me”. Mateus levantou-se e o seguiu.

Quando Jesus disse "Siga-me" a Mateus, estava convidando-o a se tornar um dos seus seguidores, um discípulo. Este convite carregava um significado profundo e vital no âmbito do ministério de Jesus.

A expressão "Siga-me" ia além do simples ato físico de acompanhar Jesus. Ela simbolizava um chamado para uma transformação de vida, uma nova maneira de enxergar o mundo e de se relacionar com Deus e com os outros. Ao convidar Mateus para segui-lo, Jesus estava incentivando-o a deixar para trás sua antiga vida, inclusive seu trabalho como coletor de impostos, frequentemente associado à corrupção e exploração. Em vez disso, Jesus o convidava a abraçar um compromisso com a mensagem e os ensinamentos que ele trazia.

Este convite tinha profundas implicações espirituais e éticas. Jesus ensinava sobre o Reino de Deus, o amor, a compaixão, a justiça e a transformação interior. Seguir Jesus significava adotar esses princípios em sua própria vida e tornar-se parte da comunidade dos seguidores de Jesus, compartilhando uma jornada de crescimento espiritual e serviço aos outros.

Dentro do contexto bíblico, essa história ilustra a graça e o poder transformador da mensagem de Jesus. A resposta imediata de Mateus ao chamado sugere a prontidão de alguém que reconhece a importância da oportunidade de transformação espiritual oferecida por Jesus.

Talvez você seja aquela pessoa curiosa que tem mais perguntas: para seguir Jesus exige perfeição? Em um outro momento, Jesus mencionou o mandamento "sede perfeitos como vosso Pai que está nos céus", que abordaremos nos próximos 46 dias. 

Permita-me compartilhar uma ilustração que gosto de usar. Quando era criança, vivendo no paraíso interior de Mairipotaba - um nome curioso, não é mesmo? - lembro-me de como minha mãe nos guiava para a casa da minha avó quando a chuva começava. Ela ia na frente, marcando os passos onde pisar, para evitar poças d'água e escorregões. Eu, por minha vez, seguia os passos dela. Se pudesse viajar no tempo, você que lê este testemunho diria, olhando de longe, "Que menino desajeitado e pateta, que jeito estranho de andar!".

Nossa jornada seguindo os passos do Senhor é comparável a essa ilustração. Às vezes, poderemos tropeçar ou escorregar, mas se realmente estamos genuinamente trilhando o caminho do Senhor, nos ergueremos e nos esforçaremos para prosseguir da melhor maneira possível, mesmo que aos olhos de um observador externo possa parecer uma caminhada um tanto desajeitada.

Aqui reside um dos perigos que enfrentamos: as comparações destrutivas.

Após ressuscitar dos mortos, Jesus aproximou-se de Pedro em três ocasiões, perguntando se Pedro o amava. Pedro respondeu afirmativamente todas as três vezes. Então, Jesus revelou a Pedro o modo de sua futura morte, possivelmente por crucificação. No entanto, Pedro ficou preocupado com o destino de João, questionando Jesus: "Senhor, e quanto a ele?" Jesus rejeitou tal questionamento, respondendo: "Por que isso te importa? Quanto a ti, segue-me!". A conversa prossegue completa.

"Com toda sinceridade, digo-te que quando eras mais jovem, cingias-te e movias-te conforme tua vontade; no entanto, ao envelheceres, estenderás as mãos, e outro te cingirá e guiará para onde não desejas." (Esta observação aludia à maneira como Pedro glorificaria a Deus através de sua própria morte). Após essas palavras, Jesus acrescentou: "Segue-me." Nesse instante, Pedro virou-se e notou que o discípulo a quem Jesus amava também o seguia. Esse discípulo, na última ceia, havia-se inclinado sobre o peito de Jesus e perguntado: "Senhor, quem será o traidor?" Diante disso, Pedro questionou Jesus ao vê-lo, indagando: "E quanto a ele?" Jesus respondeu-lhe: "Se eu desejar que ele permaneça até a minha vinda, o que importa isso para ti? Quanto a ti, segue-me." (João 21:18-22)

As palavras firmes proferidas por Jesus - "Não te compete saber, segue-me" - ressoam harmoniosamente em meus ouvidos. Elas libertam-me das correntes sombrias da comparação destrutiva.

OREMOS

Querido Deus,

À medida que encerramos este tempo de reflexão e meditação, agradecemos por nos permitir mergulhar nas profundezas dos ensinamentos de Jesus. Reconhecemos a complexa dança entre a sua graça divina e nossa resposta sincera em nossa jornada espiritual. Assim como a história de Mateus nos inspira a deixar para trás as âncoras do passado e abraçar o chamado profundo de seguir a Cristo, pedimos que nos dê a coragem e a determinação para trilhar esse caminho de transformação.


Senhor, sabemos que é fácil nos perdermos na armadilha da comparação destrutiva, e por isso buscamos a tua orientação e força. Ajuda-nos a nos compararmos menos com os outros e a nos concentrarmos mais em seguir os passos de Jesus. Liberta-nos das correntes que nos impedem de avançar e crescer espiritualmente. 


Assim como Pedro foi chamado a deixar de lado as preocupações com os outros e focar em sua própria jornada, pedimos que nos concedas a sabedoria para discernir o nosso caminho único. Que a voz firme de Jesus ressoe em nossos corações, lembrando-nos que o mais importante é seguir a Ele, independentemente das incertezas que possam surgir.


À medida que avançamos, tropeçando e nos erguendo, rogamos por tua graça e amor. Que possamos trilhar nossos passos desajeitados em direção à luz do mestre, buscando sempre nos aprofundar em Seus ensinamentos e nos aproximar cada vez mais de Ti.


Em nome de Jesus, oramos.


Amém.

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