As Profundezas do Sofrimento Redentor: Uma Análise das Palavras de Jesus na Cruz

Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Essas palavras impactantes são citadas em dois Evangelhos - Mateus 27:46 e Marcos 15:34 - enquanto Jesus está na cruz, próximo à morte. Essa declaração de Jesus é uma citação direta do Salmo 22:1, revelando a profunda dimensão do sofrimento que Ele enfrentou durante Sua crucificação.

Jesus parecia saber que todo o Salmo 22, de alguma forma, tratava sobre Ele. Por volta da nona hora, Ele clama em alta voz: "Eli, Eli, lamá sabactâni?" - que significa "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mateus 27:46). Essas palavras são as exatas primeiras palavras do Salmo 22.

Essa afirmação de Jesus vai muito além da nossa capacidade humana de compreender Seu sofrimento. Imagine um ser perfeito que criou e sustenta todas as coisas no universo; por amor, Ele se entregou por nós, carregando sobre Si a punição eterna que merecemos. Não apenas a minha punição, mas a de todos os Seus filhos ao longo dos séculos. Ele suportou o peso esmagador dos pecados da humanidade naquele momento.

Tente se colocar na situação:

 lembre-se de um momento em que você pecou contra alguém, talvez sua família. Você sente o peso do pecado, alterando seu dia, e se você, orgulhoso, tenta ir dormir sem resolver esse pecado, a consciência do pecado não permite o sono. Agora, imagine carregar os pecados incontáveis do seu povo, que irão com Ele morar na eternidade. Isso é algo impossível de entender, mas podemos vislumbrar algumas razões reveladas nas Escrituras.

Por que Ele disse isso? Aqui está uma resposta em três partes:

1. Verdadeiramente Abandonado:

   - Isso foi um abandono real. "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" significa que Ele realmente foi abandonado. Ele carregou nossos pecados e suportou nosso julgamento.

   - O julgamento deveria resultar na ira de Deus sendo derramada sobre nós, mas em vez disso, Ele a derramou sobre Seu Filho. Isso envolveu uma forma de abandono, pois a ira implica entrega. Ele suportou o peso de todos os pecados de Seu povo e o julgamento por esses pecados.

2. Grito de Agonia:

   - Esse grito não era uma pergunta em busca de resposta, mas uma expressão dos horrores do abandono. Jesus sabia antecipadamente o que estava fazendo e por que estava fazendo. Ele se entregou a esse momento, conhecendo todas as consequências.

   - O momento era de agonia, não de curiosidade teológica. Ele estava experimentando profundamente o sofrimento.

3. Cumprindo a Escritura:

   - Ele estava surpreendentemente cumprindo a Escritura em meio a todo o horror. Mesmo o pior momento estava de acordo com o plano divino.

   - Seu sofrimento era a realização das Escrituras, incluindo a citação do Salmo 22, testemunhando a perfeição do plano de salvação.

Essas palavras de Jesus na cruz têm um significado profundo, indicando não apenas o sofrimento físico, mas também o profundo significado espiritual de Sua obra redentora.

Oremos

Senhor soberano e misericordioso,

Ao nos aproximarmos de Ti em humildade, refletimos sobre as palavras angustiantes proferidas por Teu Filho amado na cruz: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mateus 27:46). Reconhecemos a profundidade do sofrimento que Ele suportou, um sofrimento que ultrapassa nossa compreensão humana, mas que revela a magnanimidade do Teu amor redentor.

Assim como Jesus compreendeu que o Salmo 22, de alguma forma, proclamava Sua missão redentora, guia-nos para uma compreensão mais profunda de Sua entrega sacrificial. Que possamos, com corações contritos, meditar sobre as primeiras palavras desse salmo, que ressoaram nos lábios do Salvador.

Ao considerarmos a afirmação de Jesus de ter sido verdadeiramente abandonado, reconhecemos a realidade desse abandono em que Ele carregou os pecados da humanidade. Ele suportou nosso julgamento, e em Sua agonia, expressou os horrores desse abandono, não em busca de uma resposta, mas como testemunho da perfeição do plano de salvação.

Senhor, conceda-nos a humildade de refletir sobre nossos próprios pecados, ponderando sobre o peso que carregamos quando transgredimos contra Ti e nossos semelhantes. Que possamos, em arrependimento, buscar a reconciliação e a paz, evitando a agonia espiritual que vem do orgulho e da falta de perdão.

À medida que meditamos sobre as razões pelas quais Jesus proferiu essas palavras, compreendemos que Ele estava cumprindo as Escrituras, mesmo nos momentos mais sombrios. Seu sofrimento, além de físico, era a realização divina das profecias, testemunhando a fidelidade ao plano de salvação.

Senhor, que essas reflexões nos conduzam a uma adoração sincera e a um compromisso renovado com o Teu amor redentor. Que possamos, humildemente, seguir o exemplo de Jesus, buscando a santidade e a reconciliação em todas as áreas de nossas vidas.

Em nome de Jesus, que sofreu e triunfou, oramos. Amém.