Esmagando Seus Filhos Contra a Rocha: Salmo 137

 


Ó Babilônia, você será destruída;
feliz é aquele que lhe retribuir
por tudo que fez contra nós.
 Feliz aquele que pegar suas crianças
e as esmagar contra a rocha. V8,9

Mais uma vez nos deparamos com um salmo, repleto de emoções intensas e imagens vívidas, que proporcionam um vislumbre da angústia profunda dos judeus exilados na Babilônia, desta vez é o Salmo 137. Ao se encontrarem à beira do rio da Babilônia, chorando e murmurando, eles expressam um profundo senso de perda e injustiça. Através da lente da perspectiva judaica, podemos desvendar as múltiplas camadas de sofrimento, saudade e a busca por justiça que permeiam este salmo.

1. A Dor do Exílio: Saudade e Silêncio (v. 1-4)

unto aos rios da Babilônia, sentamos e choramos,
ao nos lembrarmos de Sião.
Pusemos de lado nossas harpas
e as penduramos nos galhos dos salgueiros.
Os que nos levaram cativos queriam que cantássemos;
nossos opressores exigiam uma canção alegre:
“Cantem para nós uma das canções de Sião!”.
Mas como poderíamos cantar as canções do Senhor
estando em terra estrangeira?

O salmo se inicia com um lamento pungente: "À beira dos rios da Babilônia, ali nos assentamos e choramos, lembrando-nos de Sião" (v. 1). A imagem de se sentarem à beira dos rios, longe de sua terra natal, simboliza a desolação e o desamparo do exílio. As harpas, instrumentos que antes celebravam a alegria e a fé, agora pendem silenciosas, representando a perda da música e da esperança (v. 2).

2. Anseio por Justiça: Uma Oração Desesperada (v. 5-6)

Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém,
que minha mão direita perca sua habilidade.
Que minha língua se prenda ao céu da boca
se eu não me lembrar de ti,

O verso 5 ecoa um clamor por lembrança e a necessidade de não esquecer a sua cidade natal. Ele pede a Deus que, se isso acontecer, "Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, que minha mão direita perca sua habilidade", perdendo assim os movimentos e a profunda conexão dos judeus com sua cidade santa e sua determinação em nunca abandoná-la em suas memórias. Também a imagem da língua grudada no céu (v. 6) intensifica ainda mais essa expressão de angústia e desespero. É um grito silencioso, clamando por justiça, libertação e saudosismo pela cidade de Jerusalém.

3. A Ira Contra Edom: Um Desejo de Vingança (v. 7)

O verso 7 introduz um elemento de ira contra Edom, povo que se alegrou com a queda de Jerusalém. A lembrança da crueldade edomita acende um desejo de vingança: "Ó Senhor, lembra-te do que os edomitas fizeram no dia em que Jerusalém foi conquistada.
Disseram: “Destruam-na! Arrasem-na até o chão!”

Lições Práticas para os Dias de Hoje:

A primeira pergunta que sempre devemos nos fazer é: O que Deus quer nos ensinar com isso? Creio que esta pergunta provoca uma reviravolta em nosso ser. Nunca devemos esquecer dela, pois servimos a um Deus soberano, todo-poderoso e santo. No caso do povo de Deus que estava cativo na Babilônia, você lembra qual era a razão? Exatamente! era por causa dos pecados. O Senhor já havia advertido em todo o livro de Jeremias que isso aconteceria, mas o povo estava apenas olhando para suas circunstâncias, murmurando e se colocando como juiz, desejando o mal aos filhos dos babilônicos. V8

O Salmo 137 oferece valiosas lições para os dias de hoje, especialmente quando enfrentamos sofrimento, injustiça e perseguição:

  • Evitar a Autocomiseração (v. 1):
  • "sentamos e choramos" lamentar as dificuldades é natural, mas devemos evitar que a autocomiseração nos consuma. Em vez disso, devemos buscar forças na fé e na comunidade.
  • Usar os Dons de Deus (v. 2): Mesmo em tempos difíceis, os dons que Deus nos concedeu não devem ser silenciados. Mesmo que em pequena escala, devemos encontrar maneiras de usá-los para o bem. Veja quão grande era a oportunidade deles de louvar o Senhor dando testemunho, mas ao invés disso, eles optaram por pendurar seus dons e se entregarem à auto-comiseração.
  • Buscar Justiça com Compaixão (v. 5-6): O desejo por justiça é válido, mas deve ser temperado com compaixão. Devemos lutar pelos nossos direitos sem ceder ao ódio ou à vingança.
  • Manter a Perspectiva (v. 7-8): É importante lembrar que Deus está no controle, mesmo em meio ao sofrimento. Devemos evitar guardar rancores e desejar o mal aos outros, pois isso nos afasta da Sua visão de amor e redenção.

Conclusão:

O Salmo 137 nos leva ao cerne da aflição dos judeus exilados na Babilônia, pintando um retrato vívido de sua dor e sofrimento. Suas palavras, impregnadas de uma angústia que transcende o tempo, ecoam através dos séculos, revelando uma profunda busca por justiça em meio ao desespero. À beira dos rios da Babilônia, eles se assentaram em pranto, relembrando Sião, sua amada cidade agora distante. A imagem das harpas penduradas nos salgueiros não apenas simboliza a perda da música, mas também a perda da própria esperança. Nesse contexto de dor, também emerge o desejo de vingança contra os opressores. No entanto, o salmo nos lembra, através de nosso entendimento, que sua presença ali era parte de um julgamento divino. Portanto, em meio aos momentos difíceis, devemos evitar a autocomiseração e cultivar a compaixão, utilizando os dons que Deus nos concedeu para o bem. Devemos manter nossa confiança no controle Soberano de Deus sobre todas as coisas, permitindo que essas lições nos guiem mesmo nos dias mais sombrios, lembrando-nos sempre da esperança que encontramos Nele, mesmo nas sombras mais densas da vida.

Oremos

Ó Deus justo e misericordioso, Diante de Ti, nós nos curvamos em humildade, reconhecendo nossa fraqueza diante das adversidades que enfrentamos. Assim como os judeus exilados na Babilônia, também nós nos encontramos em meio à angústia e ao sofrimento. Senhor, nossos corações transbordam de saudade por nossa terra natal, por nossa Jerusalém celestial. Como os exilados à beira dos rios da Babilônia, choramos e nos lamentamos, lembrando-nos de Sião. Nossas harpas, outrora fonte de alegria e louvor, agora pendem silenciosas diante da dor que nos envolve. Mas, Senhor, mesmo em meio à nossa aflição, não nos deixe cair na autocomiseração. Ajuda-nos a reconhecer e a usar os dons que Tu nos concedeste para o bem, mesmo que em pequena escala. Que possamos louvar-Te e testemunhar do Teu amor e da Tua fidelidade, mesmo nos momentos mais sombrios. Ó Deus, que nossa busca por justiça seja temperada com compaixão. Que não nos deixemos levar pelo desejo de vingança, mas que busquemos a justiça com amor e misericórdia. E, Senhor, que possamos sempre manter nossa perspectiva ancorada em Ti. Mesmo diante das injustiças e das adversidades, lembra-nos de que Tu és soberano sobre todas as coisas. Ajuda-nos a guardar nossos corações contra o ódio e a amargura, e a confiar em Ti para fazer justiça em Teu tempo e à Tua maneira. Em Ti, ó Deus, encontramos nosso refúgio e nossa esperança. Que nossa fé permaneça inabalável, mesmo em meio às tempestades da vida. Amém.

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