A Justiça de Deus: Mais que um Atributo, a Base do Seu Governo




Muitos de nós, cristãos modernos, desconhecemos verdadeiramente a essência de Deus. Em nossa ingenuidade, às vezes o imaginamos como um velho barbudo no céu, uma versão antropomórfica simplista que não corresponde à realidade revelada nas Escrituras. Deus não é uma figura semelhante a Papai Noel, nem uma entidade fraca ou covarde. Ele transcende em muito a nossa capacidade de compreensão, sendo uma manifestação de poder e majestade que ultrapassa os limites do nosso entendimento humano.

Então, o propósito de estudarmos os atributos de Deus é compartilhar a verdadeira essência Dele, algo vital para a vida cristã. Sem um conhecimento genuíno de Deus, torna-se impossível cultivar uma fé verdadeira, fazer orações significativas ou mesmo compreender o cerne da existência cristã.

A falta desse entendimento nos deixa sem base para crer, temer, obedecer ou participar plenamente dos princípios do cristianismo. Como mencionado em Oseias, 'Meu povo é destruído por falta de conhecimento de Deus', e nos Provérbios é ressaltado que a ausência de visão divina leva à corrupção e à perdição. Jesus, em João 4, adverte sobre adorar o desconhecido. Portanto, a principal urgência da igreja contemporânea é a busca por um conhecimento mais profundo de Deus, para que possamos evitar os erros que têm assolado os séculos.


Injustiça ocorre quando a justiça não é praticada. Se não há intenção maliciosa, não há margem para erro, e nenhum vestígio de justiça é encontrado. Este é um dos atributos de Deus: a justiça.

No entanto, a justiça também nos ensina algo importante. Este atributo divino ensina que cada um deve receber o que lhe é devido. A justiça de Deus demanda que ele assegure a justiça em sua criação e está estabelecido para garantir isso. Adão e Eva, ao pecarem, corromperam toda a raça humana. Deus os expulsou do Éden e amaldiçoou a terra por causa de sua justiça. Ele não pode ignorar a injustiça.

Deus deve condenar e punir o transgressor para manter a justiça. Se Deus fosse permitir que Adão e Eva escapassem impunes, ele seria injusto. Portanto, para que a Terra não se torne um lugar sem consequências, Deus deve punir. Esse atributo da justiça divina exigiu que ele punisse, agindo com justiça.


Deus é justo, como proclama o Salmo 89:14: "Justiça e direito são fundamentos do seu trono." Este versículo ressalta que a justiça e o direito são os fundamentos do trono divino. Em outras traduções, vemos que a justiça e o juízo formam a base do seu trono. Essa linguagem simbólica nos revela a natureza fundamental da justiça no governo e na soberania de Deus.

Portanto, a justiça de Deus não é apenas um atributo abstrato, mas está intrinsecamente ligada ao Seu governo sobre o universo. Sua justiça é a base sobre a qual Ele estabelece Suas leis e emite Seus juízos. Ela assegura que todas as Suas ações sejam realizadas com perfeição moral e equidade, garantindo a ordem e a harmonia dentro de Sua criação. Assim, a justiça de Deus não apenas reflete Sua natureza santa, mas também sustenta Seu governo soberano sobre todo o cosmos.


A justiça bíblica não se resume a um conjunto de pontos ou regras; ela está enraizada no próprio caráter de Deus, que nunca é menos que justo. A justiça do Senhor também é retributiva. Não só ele estabelece justiça para os prejudicados, mas também impõe punição aos perpetradores das injustiças. Como diz Ezequiel, ele "não poupa os ímpios" (Ezequiel 7:4, 9, 27; 8:18; 9:10). Como Juiz de toda a terra, o Senhor dará a cada um o que a justiça dita ser devido a eles (Atos 17:30-31). Além disso, ele restaurará e "renovará todas as coisas" para eliminar o mal, o sofrimento e a morte (Mateus 19:28). Tanto sua justiça retributiva quanto remunerativa alcançarão seu cumprimento final no fim da história, quando viveremos em novos céus e nova terra, onde reina a justiça (2 Pedro 3:13)

Conclusão:

A justiça de Deus não é apenas um atributo entre muitos outros; ela é a base do Seu governo e da Sua soberania sobre o universo. Sua justiça não é relativa nem contingente, mas absoluta e imutável. Ela sustenta todas as Suas ações, desde a criação até o julgamento final. Em um mundo cheio de injustiça e desordem, a certeza da justiça de Deus nos oferece esperança e segurança. Podemos confiar que Ele julgará todas as coisas com perfeita equidade e retidão. Que possamos buscar conhecer mais profundamente esse aspecto do caráter divino e viver em conformidade com Sua vontade justa.

Oremos

Diante de tua soberana justiça, reconhecemos nossa pequenez e pecaminosidade. Tu és o juiz perfeito, cujos caminhos são retos e justos em todos os tempos. Nós nos humilhamos diante de ti, cientes de que merecemos tua justa ira por nossas transgressões.

Contudo, louvamos-te por tua misericórdia, que se estende além do nosso merecimento. Em tua graça, ofereces perdão aos pecadores arrependidos e restauração aos corações quebrantados. Que possamos ser justos diante de ti, não por nossos próprios méritos, mas por meio do sacrifício redentor de Cristo.

Ajuda-nos a viver em conformidade com tua vontade, buscando a justiça e amando a misericórdia. Que nossas vidas reflitam teus atributos divinos, mostrando ao mundo o amor e a retidão que encontramos em ti. Que tua justiça seja uma luz em nossos caminhos, guiando-nos em direção à tua presença eterna.

Que possamos nunca nos esquecer de tua justiça infalível, nem negligenciar a importância de vivermos em obediência à tua palavra. Que todos os dias possamos buscar tua face e nos regozijar na verdade de que és um Deus justo, que ama a justiça e a retidão.

Em nome de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, oramos. Amém.






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