O Dízimo e a Oferta na Igreja: Uma Perspectiva Bíblica

O dízimo é uma prática amplamente conhecida no meio cristão, e muitas igrejas ainda incentivam sua observância. No entanto, é importante entender o contexto bíblico do dízimo no Antigo Testamento, sua aplicação aos judeus, e como o Novo Testamento trata a questão de dar à obra de Deus, principalmente por meio de ofertas. Este artigo busca explorar essas nuances, usando a Bíblia como guia, e destacar a importância dessa prática na vida da igreja hoje.

O Dízimo no Antigo Testamento

No Antigo Testamento, o dízimo era uma instrução dada por Deus especificamente ao povo de Israel. O dízimo significava "a décima parte" e era uma forma de sustento para os levitas, que serviam como sacerdotes e não tinham herança própria na terra prometida. Eles dependiam dos dízimos para sua subsistência (Números 18:21). Além disso, o dízimo servia para o sustento dos necessitados e para manter o templo.

Em Malaquias 3:10, Deus exorta os israelitas:

"Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal que dela vos advenha a maior abastança."

Essa prática, no entanto, estava intimamente ligada à aliança entre Deus e o povo judeu no contexto da lei mosaica. O dízimo era um mandamento dentro desse pacto específico e incluía aspectos cerimoniais e civis da nação de Israel.

O Novo Testamento e a Oferta

No Novo Testamento, o conceito de dízimo não é mais um mandamento obrigatório. Jesus menciona o dízimo em passagens como Mateus 23:23, quando repreende os fariseus por serem meticulosos com a prática, mas negligenciarem questões mais importantes da lei, como a justiça, a misericórdia e a fé. No entanto, Ele não institui o dízimo como uma obrigação para Seus seguidores.

Em vez disso, o Novo Testamento coloca ênfase na oferta voluntária e no coração generoso dos crentes. Paulo, escrevendo à igreja em Corinto, diz:

"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria" (2 Coríntios 9:7).

Essa passagem destaca que, ao contrário da obrigatoriedade do dízimo sob a lei, a contribuição na igreja deve ser feita de forma voluntária e com um coração alegre. Em 1 Coríntios 16:2, Paulo orienta os crentes a separarem uma quantia conforme forem prosperados:

"No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam coletas quando eu chegar."

Essas ofertas tinham o propósito de sustentar os necessitados, apoiar os apóstolos e a obra missionária, e manter as necessidades da igreja.

A Importância da Oferta na Vida da Igreja

Embora o Novo Testamento não exija o dízimo da mesma forma que a Lei Mosaica, ele nos ensina a sermos generosos e a contribuir para a obra de Deus. A igreja ainda depende das contribuições dos seus membros para realizar suas atividades, ajudar os necessitados, apoiar missionários e sustentar seus líderes.

A prática de ofertar reflete o coração de gratidão do crente. Quando damos com alegria, estamos reconhecendo que tudo o que temos vem de Deus e que Ele nos chama a participar do avanço do Seu Reino. Em Atos 4:32-35, vemos o exemplo dos primeiros cristãos que, movidos pelo Espírito Santo, compartilhavam tudo o que tinham:

"E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns."

Conclusão

O dízimo, como praticado no Antigo Testamento, era uma obrigação dada ao povo de Israel dentro do contexto da lei. No entanto, no Novo Testamento, a ênfase está na generosidade voluntária, na oferta com alegria e na contribuição conforme o que cada um prosperou. Embora a prática do dízimo tenha seu lugar histórico e sua importância, o ensino neotestamentário nos convida a ser doadores com um coração sincero, movidos pelo amor e pela gratidão a Deus.

A importância dessa prática permanece crucial na vida da igreja, pois é por meio da oferta que a obra de Deus avança, os necessitados são supridos, e o testemunho da generosidade cristã se torna visível para o mundo. Assim, cada crente deve buscar contribuir conforme o Espírito Santo o direciona, sempre com alegria e disposição.


Oremos

Ó Deus Altíssimo,

Soberano de todas as coisas, a Ti pertencem os céus e a terra, e tudo o que há em ambos os mundos é Teu. Nada possuímos que não tenha vindo de Tua mão generosa.

Reconhecemos, ó Senhor, que no Antigo Testamento chamaste Teu povo Israel a dar o dízimo como um sinal de obediência e dependência de Ti. Contudo, agora, sob a nova aliança em Cristo, és Tu que nos ensinas a dar não por obrigação, mas com o coração cheio de alegria e gratidão.

Ensina-nos, ó Pai, a ofertar voluntariamente, conforme cada um de nós tem prosperado. Não permitas que sejamos dominados pela avareza ou pelo medo de faltar, mas concede-nos fé para confiar que Tu, ó Provedor, cuidas de todas as nossas necessidades. Ajuda-nos a entender que dar não é perda, mas um privilégio, uma oportunidade de participar do avanço do Teu Reino na terra.

Senhor, move nossos corações a dar com alegria, sabendo que assim refletimos a generosidade de Teu Filho, Jesus Cristo, que se deu por nós na cruz. Que nossas ofertas sirvam para o sustento de Tua obra, para o alívio dos necessitados e para o crescimento da Tua igreja.

Que o Espírito Santo nos guie a sermos mordomos fiéis do que nos deste, de modo que nossa generosidade brilhe como um testemunho ao mundo do Teu grande amor e cuidado por todos nós.

Em nome de Cristo Jesus, nosso Senhor,

Amém.

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