O Livrinho Doce e Amargo e o Plano de Deus Revelado



Em Apocalipse 10, encontramos uma visão extraordinária que captura o coração da mensagem divina: um anjo poderoso, resplandecente, aparece com um livrinho em sua mão. Ele ordena a João que coma o livro, descrevendo-o como doce como mel na boca, mas amargo no estômago. Essa visão profundamente simbólica fala tanto da maravilhosa promessa da Palavra de Deus quanto do peso de sua mensagem. Além disso, o capítulo menciona um mistério: "o plano que Deus manteve em segredo se cumprirá, conforme ele anunciou aos seus servos, os profetas" (Ap 10:7).

João é orientado a não escrever o que os sete trovões revelam, algo que intrigou gerações de leitores e apontou para o tempo perfeito de Deus. Imagine a tensão desse momento: por séculos, os profetas falaram sobre o cumprimento final dos propósitos divinos. E ali estava João, diante do plano de Deus prestes a se realizar, mas ainda guardado em segredo.

O Paralelo com Ezequiel: Comer o Livro

A ordem para João comer o livro pode soar estranha, mas não é única na Bíblia. Em Ezequiel 3:1-3, o profeta recebe uma instrução semelhante:

"E ele me disse: 'Filho do homem, coma este rolo; depois vá e fale à casa de Israel.' Então abri a boca, e ele me deu o rolo para comer. E ele me disse: 'Filho do homem, coma este rolo que estou te dando, encha o seu estômago com ele.' Assim eu o comi, e era doce como mel em minha boca."

Ambas as passagens representam a internalização da Palavra de Deus. Comê-la é simbolizar aceitá-la, torná-la parte de si. A doçura reflete as promessas, o amor e a provisão de Deus; mas o amargor simboliza o peso da mensagem de juízo e sofrimento que ela traz. É uma imagem poderosa: o servo de Deus deve não apenas ouvir a Palavra, mas vivê-la, absorvê-la, e então proclamá-la, mesmo que seja doloroso.

Uma Jornada no Tempo: Estando no Lugar de João

Agora, convido você a embarcar em uma viagem no tempo. Imagine estar no lugar de João, testemunhando o desenrolar de eventos grandiosos e terríveis. Você viu os selos sendo abertos, revelando desastres, pragas e guerras. Presenciou as primeiras seis trombetas, com suas assustadoras revelações: destruição, angústia, e o caos que prenuncia o juízo final.

E então, chega o momento de receber a ordem do anjo: "Não escreva o que os sete trovões disseram, espere a sétima trombeta." Uma curiosidade esmagadora toma conta de você. Mas o anjo também lhe dá uma tarefa: "Tome o livrinho da minha mão e coma-o. É necessário que você profetize outra vez a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis."

Por que comer o livro? Porque a Palavra de Deus deve estar em nós antes de ser proclamada. Esse ato nos prepara para a missão: internalizar a mensagem de Deus, mesmo que isso signifique experimentar sua doçura e amargura.

O Significado da Missão

A ordem de profetizar novamente aponta para a continuidade da mensagem divina. A história da humanidade tem sido marcada pela proclamação da Palavra de Deus: desde os profetas do Antigo Testamento até os apóstolos e a Igreja de Cristo. Cada geração teve o dever de proclamar a justiça e a misericórdia de Deus, de clamar contra o pecado e apontar para a redenção em Cristo.

Pedro nos adverte claramente sobre a zombaria e o desprezo que os crentes enfrentariam nos últimos dias:

"Antes de tudo saibam que, nos últimos dias, surgirão escarnecedores zombando e seguindo as suas próprias paixões. Eles dirão: ‘O que houve com a promessa da sua vinda? Desde que os nossos antepassados morreram, tudo continua como desde o princípio da criação.’" 2 Pedro 3:3-4

Essa zombaria reflete a incredulidade daqueles que rejeitam a verdade de Deus. A mensagem de que Jesus voltará para julgar os vivos e os mortos é para muitos um motivo de escárnio, pois desafia seu estilo de vida e confronta seu desejo de viver segundo suas próprias paixões.

O custo de proclamar a verdade é real. A zombaria é apenas um aspecto da oposição que enfrentamos ao declarar o Evangelho. Além dela, há desprezo, isolamento social e, em muitos casos, perseguição severa. Jesus já havia advertido seus discípulos:

"Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes me odiou. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia." João 15:18-19

Assim como os profetas, apóstolos e mártires de todas as épocas, devemos estar preparados para pagar o preço de sermos fiéis à mensagem de Deus. No entanto, mesmo em meio à zombaria e oposição, temos uma promessa que nos dá força:

"Bem-aventurados vocês, quando por minha causa os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês." Mateus 5:11-12

Portanto, o amargo do livrinho nos lembra que levar a mensagem do Evangelho exige coragem e perseverança. Mesmo quando enfrentamos zombarias, sabemos que nossa recompensa em Cristo é certa. Assim como João foi chamado a profetizar novamente, também somos chamados a proclamar a verdade, com fidelidade, até que a sétima trombeta anuncie o cumprimento final dos planos de Deus.

Conclusão: A Palavra Doce e Amarga

O livrinho doce e amargo simboliza a Palavra de Deus em toda a sua plenitude. Ele é doce por nos revelar o amor, a provisão, a orientação e as promessas de Deus. Como não se deliciar ao saber que somos amados e redimidos? No entanto, ao descer ao estômago, o amargo se manifesta, pois a mensagem também carrega juízo, sofrimento e a realidade do pecado humano.

João viu o plano de Deus, esperado por séculos, começar a se desenrolar. Ele presenciou o julgamento divino, a resposta à antiga pergunta: "Até quando, Senhor?" E a resposta chegou com ira santa, justiça inegável e o caos da terra.

Hoje, somos chamados a continuar a missão: proclamar o doce e o amargo da Palavra de Deus. Precisamos lembrar que o Evangelho não é apenas boas notícias de salvação, mas também um alerta sobre o juízo divino. É nossa missão comer o livrinho, absorver a mensagem e profetizar a muitos povos, nações e reis.

Que o amor de Deus, sua provisão e seu cuidado continuem a nos inspirar a compartilhar a doce e poderosa mensagem da Palavra, mesmo quando enfrentamos o amargo custo de carregá-la ao mundo.

Oremos

Ó Deus eterno,
Tu que guardas os tempos e conheces o fim desde o princípio,
Diante de Ti inclinamos nossos corações, reconhecendo que a meia-noite está próxima,
O tic-tac do Teu relógio ressoa no silêncio da criação,
alertando-nos para a proximidade do cumprimento de Teus planos eternos.

Tu revelaste Teu mistério aos servos, os profetas,
E agora, como João, somos confrontados com a doçura e o amargor de Tua Palavra.
Ela é doce, ó Senhor, pois nos fala de Teu amor, Tua promessa de redenção,
Do Cordeiro que foi imolado para nos trazer salvação.
Mas, ao descermos ao âmago do Teu conselho,
O amargo se revela, pois contemplamos o juízo que pesa sobre os rebeldes,
O sofrimento que acompanha a rejeição da verdade.

Ó Senhor, ajuda-nos a internalizar Tua Palavra como João e Ezequiel,
Que sejamos servos fiéis, prontos para proclamar Tuas mensagens a todas as nações,
mesmo quando o custo for zombaria, desprezo ou perseguição.
Fortalece-nos, ó Pai, diante das vozes escarnecedoras que dizem:
"Que houve com a promessa da Sua vinda?"
Dá-nos a coragem de viver como estrangeiros neste mundo,
Sabendo que não somos do mundo, mas pertencemos a Ti.

Senhor, a meia-noite se aproxima,
E os trovões silenciam, aguardando a sétima trombeta.
Ajuda-nos a ouvir, a discernir e a agir com urgência,
Pois Tua justiça vem como um rio, e Tua santidade não tardará.

Ó Deus, desperta-nos!
Que não sejamos apenas ouvintes, mas proclamadores da Tua verdade.
Dá-nos a ousadia de comer o livrinho,
De nos deliciar com Tua Palavra e de suportar o amargo,
Para que possamos cumprir a Tua ordem:
"É necessário que você profetize outra vez."

Levanta, Senhor, um povo santo,
Fervoroso, cheio de Tua verdade, e preparado para o encontro com o Rei.
Que o tic-tac do Teu relógio nos lembre a cada momento
Que Tua promessa é certa, e o tempo é breve.

No doce e santo nome de Jesus,
Que é o Alfa e o Ômega,
Oramos. Amém.

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