As Duas Testemunhas e a Missão Divina Após o Arrebatamento


O capítulo 11 de Apocalipse descreve uma das passagens mais fascinantes e enigmáticas das Escrituras, destacando o papel central das duas testemunhas no plano de Deus durante a grande tribulação. A igreja, já arrebatada conforme prometido em 1 Tessalonicenses 5:9-10:
"Pois Deus não nos destinou para a ira, mas para recebermos a salvação por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele morreu por nós para que, estejamos acordados ou dormindo, vivamos unidos a ele",
e em Apocalipse 3:10, onde Jesus declara à igreja de Filadélfia:
"Visto que você guardou a minha palavra de exortação à perseverança, eu também o guardarei da hora da provação que está para vir sobre todo o mundo, para pôr à prova os que habitam na terra",
agora se encontra na presença do Senhor. Nesse contexto, Deus levanta Suas testemunhas para continuar proclamando a verdade em um mundo em julgamento.

A Medida do Templo e a Preservação dos Fiéis

Apocalipse 11:1-2 relata:
"Foi-me dado um caniço semelhante a uma vara de medir, e me disseram: 'Vá e meça o templo de Deus e o altar, e conte os adoradores que lá se encontram. Mas exclua o átrio externo; não o meça, pois ele foi dado aos gentios. Eles pisarão a cidade santa por quarenta e dois meses.'"

Essa ordem de medir simboliza a separação e proteção espiritual dos fiéis remanescentes, principalmente os 144 mil selados de Israel, conforme descrito em Apocalipse 7:4. Embora o átrio externo seja entregue aos gentios, indicando perseguição e profanação, Deus guarda espiritualmente aqueles que pertencem a Ele, mostrando Sua fidelidade mesmo em tempos de grande tribulação.

O Papel das Duas Testemunhas no Plano de Deus

Apocalipse 11:3-4 introduz as testemunhas:
"Darei poder às minhas duas testemunhas, e elas profetizarão durante mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco. Estas são as duas oliveiras e os dois candelabros que permanecem diante do Senhor da terra."

Vestidas de pano de saco, símbolo de lamento e arrependimento, essas testemunhas são descritas como oliveiras e candelabros, remetendo a Zacarias 4:14:
"Estes são os dois que foram ungidos para servir ao Senhor de toda a terra."
Essa analogia aponta para sua capacitação espiritual pelo Espírito Santo, pois somente por meio do poder divino elas podem cumprir sua missão.

Os Poderes Sobrenaturais e a Mensagem de Juízo

As duas testemunhas possuem poder celestial para confirmar sua mensagem, como declarado em Apocalipse 11:5-6:
"Se alguém quiser causar-lhes dano, fogo sairá de sua boca e consumirá os seus inimigos. Assim, é necessário que todo aquele que quiser causar-lhes dano seja morto. Elas têm autoridade para fechar o céu, para que não chova durante os dias em que estiverem profetizando, e têm autoridade para transformar as águas em sangue e para ferir a terra com toda sorte de pragas, todas quantas quiserem."

Esses poderes sobrenaturais apresentados pelas duas testemunhas em Apocalipse 11 são paralelos aos milagres realizados por Moisés e Elias, fortalecendo a tese de que essas figuras poderiam ser eles. Moisés, ao confrontar o faraó do Egito, transformou água em sangue, como registrado em Êxodo 7:20:
"Assim Moisés e Arão fizeram como o Senhor lhes havia ordenado. Moisés levantou o cajado e feriu as águas do rio, diante dos olhos do faraó e de seus conselheiros, e toda a água do rio transformou-se em sangue."

De forma semelhante, Elias demonstrou a autoridade divina orando para que não chovesse durante um longo período, conforme registrado em 1 Reis 17:1:
"E Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos não haverá orvalho nem chuva, senão segundo a minha palavra."

Essas ações sobrenaturais não apenas evidenciam a autoridade divina, mas também refletem o julgamento de Deus sobre aqueles que rejeitam a verdade. A associação entre os poderes das testemunhas e os milagres desses dois profetas do Antigo Testamento leva muitos a crer que Moisés e Elias foram escolhidos para retornar como as duas testemunhas, dada sua experiência de confrontar nações incrédulas e apontar os pecados do povo.

Essa tese é reforçada pelo papel único de Moisés como mediador da Lei e de Elias como o profeta que chamou Israel ao arrependimento, ambos sendo figuras-chave na história redentora. Assim, suas ações em Apocalipse simbolizam não apenas julgamento, mas também o chamado final ao arrependimento antes do grande dia do Senhor.

A Morte das Testemunhas e a Rejeição da Verdade

Apesar do poder sobrenatural, as testemunhas são mortas após cumprirem sua missão. Apocalipse 11:7-10 descreve:
"Quando terminarem de testemunhar, a besta que vem do abismo guerreará contra elas, e as vencerá e as matará. Os seus cadáveres ficarão expostos na rua principal da grande cidade, que figuradamente é chamada Sodoma e Egito, onde também foi crucificado o seu Senhor. Durante três dias e meio, gente de todos os povos, tribos, línguas e nações contemplará os cadáveres delas e não permitirá que sejam sepultados. Os habitantes da terra se alegrarão por causa delas, e festejarão enviando presentes uns aos outros, porque estes dois profetas tinham atormentado os que habitam sobre a terra."

Essa cena ilustra a rejeição total da humanidade à mensagem divina. A alegria dos habitantes reflete as palavras de Jesus em João 3:19:
"Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas em vez da luz, porque as suas obras eram más."

A Ressurreição e Ascensão das Testemunhas

Depois de três dias e meio, Deus intervém poderosamente. Apocalipse 11:11-12 relata:
"Mas depois dos três dias e meio entrou neles um fôlego de vida vindo de Deus, e eles se puseram em pé, e grande temor caiu sobre aqueles que os viram. Então ouviram uma forte voz do céu que lhes disse: 'Subam para cá.' E eles subiram para o céu numa nuvem, enquanto os seus inimigos olhavam."

Essa ressurreição demonstra o triunfo de Deus sobre a morte e o pecado. 

O Grande Terremoto e o Impacto na Humanidade

Logo após a ascensão, um grande terremoto abala a terra. Apocalipse 11:13 relata:
"Naquela hora houve um grande terremoto, e caiu a décima parte da cidade. Morreram sete mil pessoas no terremoto, e os sobreviventes ficaram aterrorizados e deram glória ao Deus do céu."

Esse evento é um vislumbre do impacto transformador dos juízos de Deus, levando muitos a reconhecerem Sua soberania, como descrito em Filipenses 2:10-11:
"Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai."

Conclusão

As duas testemunhas de Apocalipse 11 são um lembrete da fidelidade e soberania de Deus em meio ao julgamento. Sua missão, morte, ressurreição e glorificação apontam para o triunfo do plano divino. Para os que creem, essa passagem renova a certeza da vitória em Cristo e da promessa de Apocalipse 22:12:
"Eis que venho em breve! A minha recompensa está comigo, e eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez."

Oremos

Tu que és o Justo Juiz, que governa os céus e a terra, nós nos ajoelhamos diante de Ti, reconhecendo Tua soberania infinita e Tua santidade imutável. Nós Te louvamos pela revelação de Teus mistérios, pelas Escrituras Sagradas que nos guiam e iluminam, e pela fidelidade que tens demonstrado ao longo dos séculos, não deixando de advertir o Teu povo.


Senhor, assim como Moisés e Elias testemunharam poderosamente contra a iniquidade, manifestando Teu julgamento e misericórdia, nós pedimos que Tu nos concedas, em tempos de adversidade e tribulação, a coragem e a fidelidade de Teus servos. Que possamos, como as duas testemunhas de Apocalipse, ser luz em meio à escuridão e proclamar a verdade de Tua palavra, não importa quão grande seja a oposição.


Ó Deus, que a autoridade divina que Tu confiaste a Moisés, que transformou águas em sangue, e a Elias, que fechou os céus com uma palavra, se reflita em nosso viver, em nossa obediência, em nossa fé. Que nossos corações se entreguem totalmente a Ti, com temor e reverência, sabendo que Teu julgamento é justo e que, apesar de Tua ira, Tu és misericordioso, dando-nos sempre uma oportunidade para arrependimento.


Nós Te pedimos, ó Senhor, que nos preserve em nossa fidelidade e que, como aqueles que testemunharam as maravilhas de Teus profetas, nossos olhos se abram para a verdade do Teu evangelho. Dá-nos corações quebrantados, dispostos a ouvir Tua voz, e ajuda-nos a viver em expectativa da Tua gloriosa vinda, quando nos levarás para Tua morada eterna.


Em nome de Teu Filho amado, Jesus Cristo, que venceu a morte e nos deu a esperança da ressurreição, oramos, confiantes na promessa de que Ele virá novamente para julgar o mundo e reinar para sempre. Amém.








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