A Batalha Pela Santidade: Lições de John Owen Para os Dias de Hoje

A história da Igreja está repleta de guerreiros da fé, homens e mulheres que dedicaram suas vidas ao estudo das Escrituras e à busca da santidade. Entre eles, ergue-se a figura de John Owen (1616-1683), um dos mais profundos pensadores puritanos, cuja devoção à vida cristã pode ser comparada a um cavaleiro em combate feroz contra um dragão terrível—o pecado.

Owen compreendia que a vida cristã não era um caminho de complacência, mas um campo de batalha onde cada crente deve empunhar a espada do Espírito e lutar contra as forças da carne. Em sua obra-prima A Mortificação do Pecado, ele nos adverte com palavras cortantes: "Mate o pecado, ou ele o matará." Sua teologia não era apenas um exercício intelectual, mas um chamado à guerra contra tudo o que nos afasta de Deus.

Séculos se passaram, mas a batalha continua. O legado de Owen ressoa até hoje, lembrando-nos de que a santidade não é um ideal distante, mas uma missão urgente e necessária para todo cristão. Como um soldado de Cristo, ele nos ensina que a vitória sobre o pecado não vem pela força humana, mas pelo poder do Espírito Santo. Esta é a luta suprema—e dela depende nossa vida eterna.

O Legado de John Owen

John Owen foi um pastor, teólogo e escritor inglês que viveu durante um dos períodos mais turbulentos da história da Inglaterra. Ele serviu como capelão de Oliver Cromwell, foi reitor da Universidade de Oxford e desempenhou um papel fundamental na defesa da doutrina reformada. No entanto, sua maior contribuição para a Igreja foi sua exploração profunda sobre a santificação e a mortificação do pecado.

Em sua famosa obra A Mortificação do Pecado, Owen enfatiza que a verdadeira vida cristã consiste na luta constante contra o pecado. Ele adverte que, se não mortificarmos o pecado, ele nos matará. Essa verdade ecoa a advertência de Paulo em Romanos 8:13: “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”.

Mortificação do Pecado: Um Chamado Contínuo

A mortificação do pecado não é um evento isolado, mas um processo contínuo ao longo da vida cristã. Owen ensina que não devemos confiar em nossos próprios esforços, mas devemos depender do poder do Espírito Santo. Ele descreve três princípios fundamentais para a mortificação:

1. Reconhecimento e confissão do pecado – O primeiro passo para a santidade é reconhecer nossa própria pecaminosidade. Sem um coração quebrantado, não há progresso na vida cristã.

2. Olhar para Cristo – A santidade não é alcançada por meros atos morais, mas pela contemplação da glória de Cristo. Owen enfatiza que apenas uma visão clara de Cristo pode transformar nosso coração.

3. Uso diligente dos meios da graça – A oração, o estudo da Palavra e a comunhão com outros crentes são essenciais para vencer o pecado e crescer na santidade.

Santidade Universal: Um Chamado para Todos

A busca por santidade não é uma opção, mas um chamado universal para todos os cristãos. Em Hebreus 12:14, somos exortados: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. John Owen entendeu que a santidade não é apenas evitar o pecado, mas um compromisso ativo de viver para a glória de Deus.

A santidade universal significa que todas as áreas da nossa vida devem ser submetidas ao senhorio de Cristo. Devemos buscar a santidade em nossos pensamentos, palavras e ações, sabendo que nossa vida é um testemunho do Evangelho para o mundo.

A Influência de Owen nos Dias Atuais

Nos tempos modernos, quando a ideia de santidade é frequentemente negligenciada, os escritos de John Owen são um lembrete poderoso de que a vida cristã é um chamado à pureza e à dependência total de Deus. Suas obras continuam a influenciar pastores, teólogos e cristãos comprometidos em todo o mundo.

Aqueles que levam a sério as palavras de Owen entendem que a luta contra o pecado é essencial para o crescimento espiritual e que a santidade não é um fim em si mesma, mas um meio de glorificar a Deus. Como Owen escreveu: “Aquele que leva seu pecado de forma leve nunca viu a cruz corretamente”.

Conclusão

A vida de John Owen nos ensina que o principal propósito da nossa vida deve ser a mortificação do pecado e a busca da santidade universal. Em um mundo que valoriza a gratificação imediata e o conforto, o chamado para negar a carne e viver para Cristo pode parecer radical. No entanto, essa é a essência do verdadeiro discipulado. Que possamos, como Owen, abraçar essa missão com fervor e dependência do Espírito Santo, para que possamos refletir a glória de Cristo em nossa jornada de santificação.

Ó Deus Santo e Poderoso,

A Ti elevamos nossas vozes, pois Tu és luz pura, em quem não há treva alguma. Tu nos chamaste das trevas para o Reino do Teu Filho amado e nos conclamaste à santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor. Mas, ó Pai, quão fracos e inconstantes somos! Nosso coração é propenso a desviar-se, nossos pés tropeçam no caminho da justiça, e muitas vezes nos acomodamos à sombra do pecado em vez de mortificá-lo à luz do Teu Espírito.

Desperta em nós um ardor santo! Não nos permitas ser cristãos mornos, satisfeitos com uma piedade superficial. Concede-nos a mesma paixão que inflamou os corações dos Teus servos fiéis, como John Owen, que não descansaram até ver a imagem de Cristo formada em si mesmos e em outros. Dá-nos, ó Senhor, uma aversão profunda pelo pecado, para que não brinquemos com aquilo que custou o sangue do Teu Filho.

Ensina-nos, Pai, a reconhecer e confessar nosso pecado, a não encobrir nossas transgressões, mas a trazê-las diante de Ti com um coração quebrantado. Livra-nos da ilusão de autossuficiência, e faz-nos depender inteiramente do Teu Espírito para vencer as inclinações da carne. Dá-nos olhos para contemplar a glória de Cristo, pois só uma visão mais elevada dEle pode enfraquecer os encantos do pecado.

Fortalece-nos na prática diligente dos meios da graça. Não permitas que nos afastemos da oração, da Palavra e da comunhão dos santos. Ensina-nos a cultivar a santidade não apenas em atos externos, mas nos recessos mais profundos do nosso ser. Santifica nossos pensamentos, nossas palavras e nossas ações, para que tudo em nós reflita a beleza da Tua santidade.

Ó Deus, consome em nós tudo o que não Te agrada. Faz-nos desejar a Tua glória mais do que a nossa própria segurança. Ensina-nos a negar a nós mesmos, a tomar nossa cruz e a seguir o nosso Salvador com uma paixão inabalável. Que cada dia seja um passo adiante na jornada da santificação, até que sejamos conformados à imagem do Teu Filho e vejamos a Tua face em glória.

Por Cristo e para Cristo oramos. Amém.