O Sapateiro Missionário: William Carey e o Chamado de Deus
Nos fundos de uma humilde oficina de sapatos, entre couro, ferramentas e o barulho de martelos, Deus estava moldando não apenas calçados, mas um missionário que revolucionaria a evangelização mundial. William Carey, conhecido como “o pai das missões modernas”, começou sua jornada como um simples sapateiro. No entanto, sua mente e coração estavam ocupados com algo muito maior: como alcançar os povos não evangelizados com o evangelho de Cristo?
Enquanto seus dedos calejados costuravam couro, seus olhos liam avidamente as Escrituras. Entre remendos e sola nova, seu coração queimava com um desejo: obedecer ao chamado de Deus para proclamar as boas novas a toda criatura.
A Voz da Oposição e a Resposta da Fé
Quando Carey compartilhou seu desejo de levar a Palavra de Deus a outras nações, ouviu a famosa resposta desanimadora:
“Se Deus quiser converter os pagãos, Ele o fará sem a sua ajuda ou a minha!” Essa foi a frase seca e desmotivadora que William Carey ouviu de um pastor, quando compartilhou seu ardente desejo de levar o evangelho às nações. Aquilo que deveria encorajar foi uma tentativa de silenciar. No entanto, Carey não se calou. Ele decidiu obedecer a Deus, não aos homens. E assim nasceu o movimento missionário moderno.
William Carey, o Sapateiro Missionário
William Carey nasceu na Inglaterra, em 1761. Sapateiro de profissão, autodidata e apaixonado pelas Escrituras, ele desenvolveu desde jovem um profundo amor pelas almas que nunca tinham ouvido falar de Jesus. Ele foi também um estudioso da geografia e da linguística, o que o ajudou a compreender a realidade de outros povos e línguas.
Carey acreditava firmemente que a Grande Comissão (Mateus 28:19-20) não era apenas uma instrução para os apóstolos do passado, mas uma ordem contínua para todo cristão: “Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mateus 28:19-20)
Em 1792, ele escreveu o famoso ensaio "Uma Investigação sobre a Obrigação dos Cristãos de Usar Meios para a Conversão dos Pagãos", onde argumentava biblicamente que os cristãos não podiam negligenciar o dever de evangelizar.
"Espere grandes coisas de Deus. Empreenda grandes coisas para Deus."
Com essa frase em seu coração, Carey foi para a Índia em 1793, com sua esposa e filhos. Sua vida lá não foi fácil. Enfrentou pobreza, doenças, a morte de seu filho pequeno, oposição religiosa, dificuldades com a língua e a dor mental de sua esposa, que adoeceu profundamente. Mesmo assim, ele permaneceu fiel ao chamado.
Carey viveu mais de 40 anos na Índia. Durante esse tempo:
Traduziu a Bíblia inteira ou partes dela para mais de 30 línguas e dialetos.
Fundou a primeira sociedade missionária batista.
Estabeleceu escolas, inclusive para meninas, desafiando costumes locais.
Lutou contra práticas desumanas, como o sati (mulher viúva era queimada viva junto com o corpo do marido morto.).
Plantou igrejas e formou pastores nativos.
Ele não apenas pregava, mas mostrava o amor de Cristo com ações concretas.
A obediência que inspira
William Carey não foi um herói com superpoderes. Foi um homem comum, com lutas, perdas e limitações. Mas sua obediência extraordinária ao chamado de Deus é o que o tornou notável. Ele creu que Deus salva, sim — mas escolheu usar o povo dEle como instrumentos da graça.
“Como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não houver quem pregue?”
— Romanos 10:14
“Porque os olhos do Senhor passam por toda a terra para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dEle.”
— 2 Crônicas 16:9a
“Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus…”
— João 7:17
Esses versículos ecoam o espírito de Carey: Deus está procurando corações disponíveis, não perfeitos. Ele opera por meio de vasos frágeis, para que a glória seja toda dEle.
E quanto a nós?
Hoje, podemos cair na mesma apatia daquele pastor que confrontou Carey. Podemos pensar: “Deus fará a obra, com ou sem mim.” Mas a verdade é que Deus quer fazer a obra através de nós. Quando nos omitimos, não apenas desobedecemos — também perdemos o privilégio de participar da missão mais grandiosa do universo: levar o evangelho aos confins da terra (Atos 1:8).
Carey acreditava firmemente que a Grande Comissão (Mateus 28:19-20) não era apenas uma instrução para os apóstolos do passado, mas uma ordem contínua para todo cristão: “Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mateus 28:19-20)
E quanto a você? Estamos encerrando mais uma semana. Olhe para trás — recapitulando seus últimos dias:
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Você compartilhou o evangelho com alguém?
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Teve alguma conversa intencional sobre Cristo?
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Intercedeu especificamente por povos não alcançados?
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Usou seus dons e recursos com propósito eterno?
Talvez sua resposta seja: “Não... eu não vi ninguém. Não falei com ninguém.”
Bem, então você está pecando — e se isolando.
Provérbios 18:1 adverte: "O solitário busca o seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria."
E aquelas conversas que você teve com estranhos — no mercado, no ônibus, no trabalho — foram intencionais? Ou você passou por elas repetindo a horrível indiferença daquele que respondeu a Carey?
Você tem vivido como quem carrega a responsabilidade da Grande Comissão — ou como quem a terceiriza?
Deus ainda chama. O mundo ainda clama. E a missão ainda está de pé.
Você vai se levantar? Ou vai continuar sentado?
Senhor Soberano,
Que nunca digamos que a Tua obra é impossível,
Pois Tu és o Deus que reina soberano sobre as nações
E que opera maravilhas por meio de servos comuns.
Livra-nos da apatia espiritual,
Da omissão disfarçada de humildade,
Da falsa crença de que outros farão o que nos chamaste a fazer.
Dá-nos fé para esperar grandes coisas de Ti,
E coragem para empreender grandes coisas para Ti.
Faz-nos levantar do comodismo,
E viver com urgência pela causa do Teu Reino.
Ensina-nos a amar as almas como Tu as amas —
Com compaixão verdadeira, com lágrimas e ação.
Abre os nossos olhos para ver que cada encontro
É uma oportunidade missionária disfarçada.
Quando formos tentados a nos esconder na fraqueza,
Lembra-nos de que é na fraqueza que o Teu poder se aperfeiçoa.
Não queremos viver isolados, buscando apenas os nossos interesses.
Queremos ser vasos em Tuas mãos, usados onde estamos
E enviados para onde Tu desejares.
Não queremos ser como aquele que disse:
"E quanto a nós?" diante do clamor da missão.
Queremos ser como aqueles que dizem:
"Envia-nos, Senhor!"
O mundo ainda geme em trevas.
As cidades estão cheias de corações vazios.
E nós fomos chamados para levar a luz.
Que não negligenciemos esse chamado.
Usa nossos dons, nossas orações, nosso tempo, nossos recursos —
Tudo o que somos — para que o Teu nome seja conhecido
Até os confins da terra.
Em nome de Jesus Cristo, nosso Rei e Senhor da missão, amém.
Amém
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