Papa Francisco: o legado de um servo que tentou reformar o amor
No silêncio que repousa sobre a Praça de São Pedro, o mundo assiste à despedida de Jorge Mario Bergoglio — conhecido como Papa Francisco — o primeiro jesuíta e o primeiro latino-americano a assumir a liderança da Igreja de Roma. Seu falecimento marca o fim de um capítulo profundamente desafiador e transformador da história recente da Igreja Católica. Amado por muitos, questionado por outros, Francisco deixa um legado que será debatido por décadas. Mas uma coisa é certa: ele não passou despercebido.
Um voto de simplicidade em tempos complexos
Desde o momento em que escolheu o nome "Francisco", uma referência direta a São Francisco de Assis, o papa deixou claro que não seria um pontífice tradicional. Abriu mão de luxos, escolheu viver em uma residência modesta e repetia, com frequência, que queria uma "Igreja pobre para os pobres". Esse voto não foi apenas simbólico — foi o norte de seu pontificado.
No contexto de uma Igreja muitas vezes criticada por escândalos, distanciamento e estruturas engessadas, Francisco apareceu como um pastor disposto a ouvir, a dialogar, a sair ao encontro das pessoas. Seu papado foi um esforço constante de traduzir o evangelho em gestos concretos: visitas a campos de refugiados, discursos firmes contra a indiferença global, e uma atenção especial às periferias — geográficas e existenciais.
Contribuições que ecoaram além dos muros do Vaticano
Para além da Igreja Católica, o impacto de Francisco foi global. Em temas como mudança climática, desigualdade social, migração e ética econômica, ele se posicionou com coragem e clareza. Sua encíclica Laudato Si' é, até hoje, um marco no diálogo entre fé e meio ambiente. Não falava apenas aos católicos — falava à consciência humana.
O papa também foi um grande defensor da fraternidade entre os povos. Buscou aproximação com judeus, muçulmanos, evangélicos e ortodoxos. Como protestante, posso afirmar que, mesmo discordando de aspectos doutrinários, era impossível ignorar sua sinceridade e disposição para a paz.
Bem, eu discordo biblicamente com vários desses pontos. Mas isso não ofusca o que ele foi. Ele estendeu a mão para além das trincheiras eclesiásticas. Nem todos o corresponderam — mas ele tentou.
As críticas que não podem ser esquecidas
Nenhum líder escapa das tensões do cargo — e Francisco não foi exceção. Dentro da própria Igreja, seu papado enfrentou resistência. Setores mais conservadores o acusaram de relativismo, de comprometer a doutrina em nome da inclusão. Outros viram nele um reformador que não foi longe o bastante, especialmente no combate ao abuso sexual e à reforma da Cúria Romana.
Do lado protestante, houve quem o visse como alguém mais político que pastoral, mais comprometido com causas sociais do que com a pregação do evangelho como redenção individual. E, claro, houve inquietações sobre sua abertura a certos temas controversos — como a questão dos divórcios, a homossexualidade e o papel das mulheres na Igreja.
Mas, mesmo em meio às críticas, é preciso reconhecer: ele escolheu carregar o peso da tensão. Ser ponte (como a palavra "pontífice" sugere) nunca foi confortável.
O testemunho de um servo
Ao fim da sua jornada, Francisco nos deixa mais perguntas do que respostas. Talvez esse seja, em si, um sinal de sua importância. Ele desinstalou certezas, desafiou tradições, humanizou o papado e apontou, com insistência, para Aquele que é maior do que qualquer instituição: Jesus Cristo.
Um legado sob os olhos da eternidade
Como protestante reformado, creio firmemente que nada acontece fora do controle soberano de Deus. Tudo o que ocorre no mundo — das grandes decisões políticas aos pequenos gestos de um pastor idoso — está sendo conduzido segundo o conselho da Sua vontade. A história está afunilando para o que cremos e aguardamos com expectativa: a volta gloriosa de Cristo, como descrita em Apocalipse 15 a 20.
Esse retorno não virá sem antes a consumação de uma conjuntura profetizada: uma fusão entre religião, poder político e um capitalismo sem freios, que abrirá espaço para a manifestação do Anticristo. Protestantes e católicos, em muitos casos, já estão se jogando na cesta do mundo, confundindo fé com conveniência, e contribuindo, mesmo sem perceber, para a formação dessa religião dos últimos dias. Diante disso, é importante lembrar: Deus usa quem Ele quer, do jeito que Ele quer — às vezes até onde menos esperamos.
Cada pessoa, crente ou não, deixa uma marca. Um legado. E todos compareceremos diante de Deus um dia (Romanos 14:10-12). E a pergunta que não pode ser ignorada é: Quem foi Jesus para você? Você viveu para Ele? Você o conheceu pessoalmente? Experimentou o novo nascimento (João 3:3)? Houve arrependimento verdadeiro da vida pecaminosa que viveu? E esse arrependimento produziu fruto?
Enquanto há tempo, volte-se para Cristo. Ele ainda chama, ainda salva, ainda transforma. Em breve, cada alma ouvirá uma de duas frases eternas:
“Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 25:34),
ou então,
“Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade… nunca vos conheci” (Mateus 7:23).
E VOCÊ TAMBÉM ESTÁ DEIXANDO O SEU LEGADO.
Francisco, o velhinho que gostava de futebol — aquele que, com um sorriso maroto, teve a ousadia de perguntar a uma menina brasileira quem foi maior: Pelé ou Maradona... Bem, com todo respeito, a resposta é óbvia, né? É claro que foi o Pelé! — partiu.
Seu legado será julgado pela história, mas também pelas consciências daqueles que foram tocados por sua compaixão, sua coerência e seu chamado à misericórdia. Hoje, porém, ele se encontra diante de Deus, diante dAquele que sonda corações e revela o que está oculto, com seus acertos ou não, conforme foi anunciado nas Escrituras."
Ó Deus Eterno e Justo,
cujo trono é fundado sobre a retidão e cujos juízos são verdadeiros e santos,
nós te bendizemos por Tua soberania incontestável sobre os vivos e os mortos.
Um dia — e não tardará — todos nós, pequenos e grandes,
ricos e pobres, religiosos e rebeldes,
estaremos diante do Teu trono, cercados por legiões de santos anjos,
e todo joelho se dobrará, e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor.
Nesse dia, ó Senhor, não haverá títulos nem cargos,
não haverá multidões nem aplausos,
apenas Tu — e nossa alma nua diante da Verdade.
Tem misericórdia, ó Deus, dos que leem estas palavras
e ainda não te conhecem em Cristo Jesus.
Aqueles que talvez se simpatizem com a religião,
mas jamais nasceram de novo.
Aqueles que têm luz nos olhos, mas trevas no coração.
Revela-te a eles, Senhor.
Desvenda os olhos do entendimento,
e dá-lhes não apenas conhecimento, mas salvação.
Arranca os véus do engano, quebranta o orgulho,
derrama arrependimento,
e concede fé — fé viva, salvadora, transformadora —
na obra do Teu Filho na cruz.
E a nós, teus servos,
dá que vivamos como quem já viu o Dia.
Faz-nos caminhar em temor e esperança,
com os pés na terra e os olhos no céu,
esperando o grande retorno do Cordeiro,
em cuja presença haverá plenitude de alegria,
e em cuja mão direita há delícias perpetuamente.
Em nome de Jesus,
nosso Salvador e Rei,
amém.
Amém🙏🏼
ReplyDelete