Dietrich Bonhoeffer: Fé corajosa em tempos sombrios

 


Dietrich Bonhoeffer (1906–1945) foi um pastor luterano, teólogo e membro da resistência alemã contra o regime nazista. Sua vida e obra desafiam os limites entre fé, ética cristã e ação política. Ele é lembrado por sua profunda devoção a Cristo, sua crítica à acomodação da igreja ao mal — e, de maneira controversa, por sua participação em uma conspiração para assassinar Adolf Hitler.

“Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem das trevas luz e da luz, trevas”
Isaías 5:20

Quem se interessar por sua história pode assistir ao filme Bonhoeffer: O Pastor da Resistência (Bonhoeffer: Pastor. Pacifist. Spy.), que estreou recentemente nos cinemas, oferecendo um retrato vívido de sua fé inabalável diante da tirania. 




A teologia da graça que custa

Bonhoeffer foi um crítico severo daquilo que chamou de “graça barata” — uma graça que perdoa sem arrependimento, que oferece conforto sem discipulado, que proclama o amor de Deus sem chamar à obediência. Para ele, o seguimento de Cristo implicava renúncia, sofrimento e fidelidade mesmo diante da morte.

“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.”
Marcos 8:34

Ele escreveu: “A graça é cara porque custa a vida do homem, e é graça porque dá ao homem a única vida verdadeira.”


Resistência ao mal

Durante o regime nazista, Bonhoeffer viu a igreja se calar ou até colaborar com a perseguição aos judeus e outras atrocidades. Ele foi um dos primeiros líderes cristãos a denunciar publicamente Hitler, ainda em 1933, e logo se uniu à Igreja Confessante, um movimento que buscava manter a fidelidade da igreja a Cristo, e não ao Estado.

“Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.”
Atos 5:29

A partir de 1939, Bonhoeffer foi recrutado para a Abwehr (serviço secreto militar), que abrigava uma rede de resistência ao nazismo. Lá, usou sua posição como cobertura para ajudar judeus a fugir da Alemanha. Mais tarde, tornou-se cúmplice em um plano para assassinar Hitler — um passo radical e, para muitos cristãos, eticamente perturbador.


O dilema moral

A grande controvérsia sobre Bonhoeffer gira em torno dessa decisão: como um pastor cristão poderia justificar participar de um atentado à vida de outro ser humano? Para ele, a questão era menos sobre pureza moral e mais sobre responsabilidade cristã diante do mal concreto.

Ele acreditava que, em tempos extremos, o pecado da omissão poderia ser maior que o pecado da ação.

“Livra os que estão sendo levados para a morte; detém os que cambaleiam indo para a matança.”
Provérbios 24:11

Bonhoeffer não justificou o assassinato por desejo de vingança ou justiça própria, mas por entender que permitir a continuidade do regime nazista era uma forma de cumplicidade com o mal absoluto.


Prisão e martírio

Bonhoeffer foi preso em 1943 e, mesmo na prisão, continuou a escrever cartas, reflexões e orações. Em 1945, poucos dias antes do fim da guerra, foi enforcado por ordem direta de Hitler.

“Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”
Apocalipse 2:10

Seus escritos póstumos, como Ética e Resistência e Submissão, continuam a inspirar cristãos ao redor do mundo a pensarem sobre a responsabilidade do discípulo de Cristo em um mundo corrompido.


Legado

Bonhoeffer é respeitado por sua coragem e fé, mas também divide opiniões. Alguns o veem como herói moral; outros, como alguém que cruzou um limite ético perigoso. Sua vida coloca a pergunta: até onde um cristão pode — ou deve — ir na luta contra o mal?

“Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado.”
Tiago 4:17


 Ó Senhor Altíssimo,

De Ti vem toda luz verdadeira,
todo poder santo,
todo conselho sábio.

Confessamos nossa fraqueza diante das batalhas que enfrentamos:
as tentações que cercam nosso coração,
as trevas que obscurecem o caminho,
os medos que tentam nos calar.

Mas Tu és nossa Rocha inabalável,
o Capitão de nossa salvação,
o Deus que peleja por nós.

Concede-nos, ó Pai, a coragem dos santos —
não uma bravura carnal,
mas aquela que brota da certeza de que Tu és conosco.

Dá-nos olhos espirituais para discernir o bem do mal,
a verdade do engano,
o Teu chamado no meio do ruído do mundo.

Quando formos tentados a recuar,
faz-nos firmes.
Quando estivermos confusos,
fala-nos pela Tua Palavra viva.
Quando o inimigo nos cercar,
lembra-nos que maior é o que está em nós.

Seja nosso escudo no dia mau,
nosso conselho na dúvida,
nosso descanso no cansaço.

Vivamos para a Tua glória,
lutemos com a Tua armadura,
e triunfemos em Cristo, o Cordeiro que venceu.

Amém.

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