Perpétua de Cartago – A Fé que Não se Rende Nem à Morte
“Permaneça firme na fé, ame-se uns aos outros e não se escandalizem por causa do nosso sofrimento.”
— Palavras finais atribuídas a Perpétua
Uma Flor Que Não Se Curvou
O ano era 203 d.C. Cartago, uma das grandes cidades do Império Romano na África do Norte, fervilhava com a tensão entre o poder imperial e a crescente comunidade cristã. Sob o Imperador Septímio Severo a perseguição se intensificava. Confessar Cristo publicamente era como assinar a própria sentença de morte. Foi nesse cenário de trevas que brilhou a luz indomável de uma jovem mulher: Víbia Perpétua.
Ela era jovem, bem-educada, de família nobre e recém-casada. Tinha um filho ainda em fase de amamentação. Perpétua não era uma revolucionária política, nem agitadora social. Sua única "transgressão" foi amar a Cristo mais do que a própria vida.
O Diário de uma Mártir
Preservado ao longo dos séculos, o "Diário de Perpétua" é um dos documentos mais preciosos da igreja primitiva. Nele, temos uma janela para o coração de uma jovem que caminhava para a morte com os olhos postos na eternidade. Com palavras simples e corajosas, ela relata a angústia de sua prisão, os apelos de seu pai pagão para que negasse a fé, e a força interior que a impedia de recuar.
Seu pai, desesperado, veio até a prisão com o bebê nos braços, implorando:
— “Tenha piedade de seu filho!”
Mas Perpétua respondeu:
— “Do mesmo modo que este vaso é um vaso e não pode ser chamado de outra coisa, também eu não posso ser chamada de outra coisa senão cristã.”
Ela foi firme. Não rude, mas resoluta. A fé que habitava nela era mais real que os gritos do coliseu, mais poderosa que os rosnados das feras.
Uma Visão que Sustenta
Durante seu tempo na prisão, Perpétua teve uma visão de uma escada estreita que levava ao céu, cheia de espinhos e armadilhas, guardada por um dragão. Ela entendeu que era o caminho da cruz. No topo da escada, Cristo a esperava. Com isso, ela ganhou uma paz invencível. Já não temia o coliseu — ela ansiava pela glória que viria depois.
Ao lado de Felicidade, sua serva e amiga, grávida no momento da prisão e também mártir, Perpétua enfrentou o martírio com dignidade sobrenatural. Foram lançadas às feras, humilhadas publicamente e, por fim, transpassadas pela espada.
Conta-se que o soldado designado para matá-la tremia. E quando sua mão hesitou, foi a própria Perpétua quem guiou a espada até o pescoço, para que sua morte glorificasse a Cristo.
O Que Aprendemos com Perpétua?
Fé que não negocia
Em um tempo em que tudo é flexível — inclusive os valores —, Perpétua nos desafia a sermos inegociáveis em relação à nossa lealdade a Cristo. Ela não relativizou, não contemporizou, não cedeu às pressões da cultura, nem mesmo aos apelos legítimos do afeto familiar.Cristianismo real
Para ela, Jesus não era um conceito, nem uma tradição cultural, mas uma pessoa viva pela qual valia a pena morrer. Essa intensidade falta em muitos de nós.Coragem feminina e fé robusta
Em um mundo que ainda marginaliza a voz das mulheres, o testemunho de Perpétua grita dos séculos: as filhas de Deus também são colunas da fé, mártires da verdade e guerreiras da luz.A eternidade como horizonte
Perpétua nos lembra que a vida não termina aqui. Ela viu mais além — o Cristo que a aguardava, a glória que nenhuma arena poderia arrancar.
Uma Última Palavra
Você teria coragem de perder tudo — inclusive o abraço do seu filho — por amor a Jesus? Perpétua teve. E sua história nos convoca, não ao heroísmo superficial, mas à fidelidade radical.
Num tempo em que a fé é frequentemente diluída em conforto e relevância cultural, precisamos redescobrir o cristianismo de Perpétua: um cristianismo de cruz, coragem e convicção.
E a você, que por mais de 100 dias tem caminhado comigo nesta jornada de histórias de fé, sangue e esperança — receba minha gratidão e o meu encorajamento. Não foi em vão. Cada nome que você leu, cada lágrima que escorreu, cada decisão silenciosa diante de Deus, moldou algo eterno em sua alma.
Amanhã concluiremos esta caminhada. E eu deixei o último artigo — aquele que considero o mais importante — para esse momento especial.
Portanto, persevere. E lembre-se: os mártires morreram, sim — mas morreram em pé. Que sua fé também permaneça de pé, mesmo quando o mundo disser para você se ajoelhar.
Firme até o Fim
Ó Senhor dos mártires,
A Ti pertencem os corações corajosos, as vidas entregues e as coroas incorruptíveis.
Tu que sustentaste Perpétua no vale da morte, fortalece também a nossa fé neste mundo de concessões.
Livra-nos de um cristianismo morno, que ama a vida mais do que a Verdade.
Que a chama do teu Espírito nos torne fiéis, ainda que custe tudo.Dá-nos, ó Deus, a firmeza que vem do alto.
A ousadia de quem viu o trono do Cordeiro.
E a alegria de morrer para este mundo, para viver eternamente contigo.Por Jesus, nosso Rei invencível,
Amém.
Amém
ReplyDeleteAmém🙏🏼
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