Romanos 7 — O Capítulo que Todo Crente Tenta Pular


Passamos dias em Romanos 6. E que dias gloriosos! Ali, vimos o crente unido a Cristo, morto para o pecado, ressuscitado para uma nova vida. Saímos desse capítulo como se fôssemos super-homens espirituais: cheios de identidade, autoridade e esperança. A força da graça parecia invencível — e é. Mas, ao virar a página, encontramos algo inesperado.

Romanos 7 é a kriptonita do crente.

Se Romanos 6 nos fez levantar como guerreiros da luz, Romanos 7 nos lembra que ainda carregamos sombras dentro de nós. E aqui começa uma das maiores tensões da vida cristã: como pode alguém que morreu para o pecado ainda sentir a força do pecado tão viva dentro de si?

A Grande Tensão

Esse é um dos textos mais difíceis — e mais humanos — das Escrituras. Romanos 7 dividiu teólogos, confundiu estudiosos e, mais importante, revelou algo que todos nós já sentimos: o bem que queremos fazer, não conseguimos. E o mal que odiamos... acabamos fazendo.

Como isso é possível?
Como conciliar a vitória declarada em Romanos 6 com o conflito desesperador de Romanos 7?

Essa tensão não é só teológica. Ela é prática. Está na terça-feira à noite quando você falha de novo. Está naquela oração em que você confessa os mesmos pecados pela quinta vez. Está na frustração de quem já entendeu a graça, mas ainda luta com a carne.

Romanos 7 é o espelho que nos choca com a realidade: não basta saber quem somos em Cristo, precisamos entender o que ainda enfrentamos dentro de nós.

Por que Paulo fala da Lei?

Você vai perceber que, de forma surpreendente, Paulo gasta boa parte do capítulo falando da Lei. Mas por quê?

Porque a Lei é o elemento revelador. Ela não salva, mas expõe. Ela não cura, mas diagnostica. E é justamente nesse processo que Paulo mostra que o problema não é a Lei... o problema sou eu.

Paulo precisava explicar o papel da Lei porque, sem isso, poderíamos cair em dois erros perigosos:

  • Pensar que a Lei é má, e não precisamos mais nos preocupar com ela;

  • Ou pensar que a Lei é suficiente para vencer o pecado, quando na verdade ela apenas revela a nossa impotência.

A Lei nos mostra quão fundo é o buraco... e nos prepara para o clímax do evangelho em Romanos 8, onde entra em cena o Espírito Santo.


👉 Nos próximos artigos, vamos explorar esse campo minado espiritual. Vamos mergulhar nos dilemas de Paulo — que também são nossos — e descobrir que a luta contra o pecado não anula a graça, mas evidencia a necessidade do Espírito.

Porque na vida cristã, ou matamos o pecado… ou morremos lentamente por ele.

Escolha a sua arma.
Nos encontramos em Romanos 7.


Ó Deus Santo e Justo,
Tu que sondas os corações e conheces cada canto escuro da alma,
nós nos achegamos a Ti como filhos salvos pela graça,
mas ainda feridos pela batalha interior.

Tu nos uniste a Cristo na morte e na ressurreição,
declaraste que somos livres do domínio do pecado.
Mas, Senhor, confessamos: ainda há guerra em nós.

Queremos o bem — e muitas vezes não o fazemos.
Detestamos o mal — e mesmo assim o praticamos.
Não entendemos a nós mesmos, e isso nos aflige.

Tua Lei é boa, justa e santa.
Mas ela nos mostra a podridão que ainda resta,
e revela o quanto precisamos ser libertos — não apenas da culpa,
mas da força presente do pecado.

Livra-nos de confiar em nossa própria obediência.
Não é por esforço que vencemos, mas pelo Espírito.
Ensina-nos a lutar não como quem já venceu por si,
mas como quem depende inteiramente do Teu poder.

Senhor, quando nos sentirmos como Paulo,
dizendo “miseráveis que somos!”,
leva-nos a exclamar com ele também:
“Graças a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor!”

Ajuda-nos a viver entre o já e o ainda não.
A descansar na graça de Romanos 6,
sem negar a tensão de Romanos 7,
e a esperar com alegria a vitória plena de Romanos 8.

Enquanto isso, dá-nos força para matar o pecado antes que ele nos mate.
Santifica-nos na verdade.
Enche-nos do Teu Espírito.
E lembra-nos todos os dias:
Somos Teus, mesmo quando tropeçamos.

Em nome de Cristo,
nosso Salvador, nossa força, e nossa única esperança,
Amém.

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