Malícia: Quando Perdemos o Medo Santo e Passamos a Brincar com o Inferno
Introdução: O Sorriso do Mentiroso
Nem todo sorriso é sincero. Nem toda lágrima é arrependimento. Há quem fale de amor, mas use a verdade como isca. Há quem diga "tô orando por você", mas guarda no bolso um punhal.
A malícia é isso: um teatro ensaiado, com figurino de fé, mas com roteiro de engano.
Ela é o último degrau da queda descrita por Paulo. Depois da amargura que alimentamos em silêncio… depois da ira que ferve… depois da cólera que explode… depois da gritaria que escandaliza… depois da blasfêmia que ofende… chegamos à malícia — o estado de quem já perdeu qualquer sensibilidade, qualquer temor, qualquer vergonha.
Agora, mentimos com facilidade. Manipulamos com leveza. Fantasiamos uma vida espiritual que não existe.
O Que é Malícia?
No original grego, a palavra traduzida como malícia ou maldade é kakia — uma disposição interna maligna, corrompida, que gera intenções distorcidas. Não é apenas fazer o mal. É maquinar o mal. É fazer parecer o bem — com segundas, terceiras intenções.
É quando a alma já se acomodou na escuridão e aprendeu a viver com ela. A malícia é a arte de viver escondido — debaixo de máscaras e justificativas piedosas.
É o coração que já perdeu o temor do Senhor e agora vive de aparência.
Como Chegamos Nesse Ponto?
Ninguém acorda malicioso. Isso é resultado de um processo. O caminho é escorregadio:
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Guardamos a amargura — sem confissão, sem confronto, sem luz.
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Permitimos que ela fermente em ira — cultivando rancor.
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Explodimos em cólera e gritaria — descontando nos outros.
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Passamos a blasfemar — falando mal de Deus ou dos outros, ou ambos.
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E então... nos entregamos à malícia. Começamos a agir com duplicidade. A esconder o pecado com palavras ensaiadas. A viver de encenação. A nos especializar em "parecer crente", sem nunca mais quebrar o coração diante de Deus.
O Efeito da Malícia
A malícia destrói a comunhão. Quem vive assim, não consegue mais ser verdadeiro nem consigo mesmo. Ela faz com que a gente perca as verdadeiras convicções — já não sabemos mais o que é arrependimento real, o que é presença de Deus, o que é verdade e o que é disfarce.
Pior ainda: ela nos convence de que estamos bem — afinal, ainda estamos no culto, ainda citamos versículos, ainda postamos frases bonitas.
Mas por dentro, estamos frios. Ocultos. Iludidos.
A malícia nos faz viver em fantasia — uma espiritualidade fictícia, uma fé de fachada, uma alma escurecida que já não reconhece mais o brilho da santidade.
Hora de Arrancar a Máscara
Paulo é direto: "Sejam tiradas dentre vós..." Toda malícia precisa ser extirpada — como se tira um tumor maligno. Não podemos brincar com isso. A malícia é o cheiro do inferno tentando se disfarçar de perfume espiritual.
É hora de sair da escuridão. De deixar de viver com segredos, tramas, filtros, e voltar a orar como crianças — com verdade, com transparência, com temor e com lágrimas.
Ó Senhor Altíssimo,
Arranca de nós todo fingimento —
Desmascara as intenções que vestimos de piedade,
Rompe as aparências que usamos para nos proteger da luz.
Livra-nos da malícia que se esconde em palavras suaves,
Dos sorrisos que enganam, das frases que seduzem,
Da astúcia do coração que finge servir, mas busca ser servido.
Reacende em nós a santa convicção do pecado,
Aquela dor bendita que nos leva de volta à cruz,
E restaura em nossos lábios a alegria da verdade,
Ainda que ela nos quebre, pois a Tua verdade sara.
Dá-nos, Senhor, um coração simples —
Não simplório, mas entregue.
Limpo — não por mérito, mas pelo sangue.
Quebrantado — não por desespero, mas por temor e reverência.
Cria em nós um templo onde o Teu Espírito não tropece,
Onde Ele não precise andar de mansinho,
Onde cada canto do ser diga: “Vem, habita aqui.”
Afasta de nós o espírito dissimulado
E faz-nos amar a honestidade que fere e cura.
Por Jesus, nosso Modelo de integridade e Redentor fiel,
Oramos.
Amém.
Amém
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