Matando ou Morrendo – O Fim de um Ciclo, o Começo de Outro

 



“Sejam bondosos e tenham compaixão uns pelos outros, perdoando-se como Deus os perdoou em Cristo.
(Efésios 4:32 – NVT)

Como Deus nos perdoou em Cristo

Você faz ideia do que essa frase significa?
Ela é o Everest da teologia prática. É o ponto mais alto da nossa jornada entre o "matar ou morrer". Durante semanas, percorremos os vales escuros da luta contra o pecado, nos armamos com a espada do Espírito, e agora chegamos ao cume — onde a paisagem se revela em toda sua glória: “como Deus vos perdoou em Cristo”.

Mas... como Deus nos perdoou?

Não foi por mérito. Não foi por performance. Não foi porque finalmente melhoramos. Deus nos perdoou em Cristo, ou seja, por meio Dele, através Dele, por causa Dele. Toda a Bíblia aponta para esse perdão radical, escandaloso, imerecido e definitivo. E agora, nós — que fomos alcançados por essa graça — somos chamados a fazer o mesmo.

Essa é a “grande troca” de que Paulo fala em Efésios 4: despir o velho eu, vestir o novo, e agir como quem já é. Sim, porque a ética do Evangelho nasce da identidade. Nós não perdoamos para ser aceitos, nós perdoamos porque já fomos aceitos. Não somos misericordiosos para alcançar salvação, somos misericordiosos porque já fomos salvos. Como Ele é, nós devemos ser.

O Caminho de Romanos 6 a Efésios 4

Vamos recapitular. Começamos em Romanos 6, descobrindo que fomos unidos com Cristo na morte e ressurreição. Isso muda tudo: não somos mais escravos do pecado.

Em Romanos 7, enfrentamos a dura realidade da luta interior — aquele conflito entre o querer e o fazer, entre a carne e o Espírito.

Então, em Romanos 8, fomos levados ao campo de batalha onde se decide tudo: ou matamos o pecado, ou morremos com ele. Mas ali também ouvimos o grito da vitória: "nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Rm 8:1). E é com essa confiança que caminhamos.

Por fim, aterrissamos em Efésios 4, onde tudo isso se traduz em atitudes concretas. Nada mais de viver como se fôssemos do mundo antigo. O novo homem se expressa em ações: não mentir, não gritar, não se vingar, não guardar rancor — mas sim ser benigno, misericordioso, perdoador.

E tudo isso por um motivo: Cristo.

Ele é o Modelo. O Padrão. O Exemplo.

Você já notou como as Escrituras constantemente nos apontam para Jesus como modelo?

  • "Aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração..." (Mateus 11:29)

  • "Assim como eu os amei, amem-se uns aos outros." (João 13:34)

  • "Cristo sofreu por vocês, deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos." (1 Pedro 2:21)

  • "Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus." (Filipenses 2:5)

Jesus não veio apenas nos salvar, Ele veio nos mostrar como viver. E essa é uma tarefa absolutamente impossível sem Ele.

Sem Cristo, Impossível

Jesus foi claro:
Sem mim vocês não podem fazer coisa alguma. (João 15:5)

Não é que vai ser difícil. Não é que vai demorar.
É que não dá. Ponto.

Perdoar como Ele perdoou?
Ter misericórdia como Ele teve?
Ser benigno, compassivo, humilde, santo, puro, paciente, verdadeiro?

Sozinhos? Nunca.
Mas nEle, e com Ele em nós, é possível. Aliás, é certo, porque é o próprio Cristo vivendo em nós — "já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2:20).

Esse é o coração do projeto "Matando ou Morrendo": ou matamos o pecado com a força que o Espírito nos dá, ou seremos lentamente destruídos por ele. Mas quem está em Cristo já tem tudo que precisa para viver essa nova vida.

Final de Ciclo… Começo de Outra Jornada

Chegamos ao fim deste ciclo. Mas esse não é o fim da história.

Na verdade, o fim é Cristo — o autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12:2).
Tudo começa e termina nEle.

E por isso, nos próximos artigos, quero te convidar para um novo mergulho.
Mas prepare o coração... porque o tema será:

JESUS É O PROBLEMA.

Sim, isso mesmo.

Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas Jesus é o grande obstáculo para os valores deste mundo.
Ele confronta. Ele inverte tudo. Ele não se encaixa.

Você está curioso? Eu também.
E espero que você fique chocado — e abençoado.

Até lá.


Ó Senhor da vida e da verdade,
A Ti elevamos agora o coração em memória de cada alma
que caminhou conosco nesta jornada de mortificação e graça.
Tu sabes os nomes, os rostos, as dores e as lutas
de cada um dos que leram, refletiram e oraram conosco.
Se foram mais de seiscentas leituras, que sejam seiscentas sementes plantadas
em solo fértil, regadas pelo Teu Espírito, e cultivadas pela Tua mão fiel.

Senhor, não permitas que esta caminhada seja esquecida como quem vira a página de um livro qualquer.
Grava em seus corações, com fogo santo, as verdades de Romanos 6 —
que já fomos unidos contigo na morte e na vida.
Que jamais se esqueçam do conflito de Romanos 7 —
que a carne é fraca, mas a Tua graça é mais poderosa.
E que sempre se firmem nas promessas de Romanos 8 —
que já não há condenação, porque pertencemos a Ti.

Agora, Pai, que a prática de Efésios 4 os acompanhe nos dias comuns:
que sejam benignos quando o mundo for cruel,
misericordiosos quando forem feridos,
perdoadores quando for mais fácil se vingar.

Se porventura voltarem a tropeçar — e sabemos que tropeçarão —
lembra-os, Espírito Santo, que Cristo é o fim, o meio e o começo.
Que o projeto de matar o pecado só pode ser vivido com Cristo, por Cristo e para Cristo.
E que, mesmo quando eles forem infiéis, Tu permanecerás fiel.

Guarda cada leitor, Senhor, como se fosse o único.
Sustenta cada coração, como quem segura uma vela no meio da tempestade.
E se algum deles estiver hoje desanimado, cansado ou distante,
sopra vida outra vez — porque Tu és o Deus que ressuscita os ossos secos.

Até o dia em que não mais escreveremos sobre a morte do velho homem,
mas Te veremos face a face —
e então viveremos o eterno "vestir o novo homem",
sem mais pecado, sem mais guerra, sem mais dor.

Mas enquanto o dia ainda não amanheceu,
sê Tu o Sol da justiça a brilhar sobre o nosso caminho.

Em nome de Jesus, o nosso Cristo,
o Cordeiro que morreu… e vive para sempre.

Amém.

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