Jesus é o Problema – O Senhor que nos Manda Lavar os Pés até dos Inimigos
🔹 João 13:14-15
“Se eu, sendo Senhor e Mestre, lavei os pés de vocês, vocês também devem lavar os pés uns dos outros.” (NVT)
A cena que nos desconcerta
Imagine o cenário: a ceia está posta, os discípulos estão reunidos, e de repente Jesus, o Senhor e Mestre, se levanta da mesa. Ele tira o manto, amarra uma toalha na cintura, pega uma bacia com água e começa a lavar os pés dos discípulos.
Isso já seria desconcertante por si só. O Senhor da glória, que sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder, ajoelhado diante de homens frágeis, sujos e confusos. Mas a cena se torna ainda mais chocante quando lembramos que naquela fila estava também Judas, o traidor, aquele que em poucas horas O entregaria por trinta moedas.
Lavar o pé de João, o discípulo do amor, talvez fosse suportável — como comer um doce com queijo. Mas lavar o pé de Judas? Isso é mastigar vidro. E Jesus fez ambos.
O problema não é só o gesto, é o mandamento
Se Jesus tivesse apenas dado o exemplo, poderíamos ficar na admiração: “Que lindo! Que humildade!” Mas Ele foi além. Ele disse:
“Vocês também devem lavar os pés uns dos outros.”
E aqui está o problema. Porque Jesus não nos deixou na posição confortável de espectadores. Ele nos arrastou para dentro do gesto e nos chamou a fazer o mesmo.
E não pense que o mandamento é apenas para servir os mais próximos, os mais fáceis de amar. Jesus lavou o pé do traidor. Logo, o chamado é claro: amar e servir também os inimigos.
O choque com o pensamento do mundo
O mundo exalta líderes que mandam, que controlam, que têm servos aos seus pés. Mas Jesus vira tudo de cabeça para baixo: Ele é o Senhor que se veste como escravo. Ele é o Mestre que pega a toalha e a bacia.
O problema é que Ele não nos deixa fugir. Não basta admirar. É obedecer ou desobedecer. E a obediência, aqui, significa abaixar-se, servir, humilhar-se — até diante de quem nos fere.
Como lavar pés hoje?
Você pode estar se perguntando: “Mas como eu lavo pés hoje, se não tenho uma bacia e uma toalha para repetir esse gesto literalmente?”
Lavar pés hoje significa perdoar quando o coração grita vingança.
Lavar pés hoje significa servir quem nunca vai reconhecer.
Lavar pés hoje significa pedir perdão quando o orgulho quer justificar-se.
Lavar pés hoje significa orar pelo inimigo, abençoar quem amaldiçoa, ajudar quem não merece.
E isso dói. É contra a nossa carne, contra o nosso instinto, contra o nosso ego. É impossível sem a capacitação de Deus.
A escolha diante do mandamento
Então, o que você faz?
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Joga fora a bacia e diz: “Isso não é para mim”?
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Fecha os olhos e ignora, vivendo uma fé seletiva?
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Ou se volta para Deus e clama: “Senhor, eu não consigo, mas Tu podes em mim. Capacita-me a obedecer. Ensina-me a amar até os Judas da minha vida.”
Esse é o ponto: Jesus é o problema porque Ele não deixa espaço para uma vida de conveniência. Ele nos chama para a radicalidade da obediência. E quando obedecemos pelo poder do Espírito, não somos nós que aparecemos, mas Cristo sendo glorificado em nós.
Ó Senhor,
nós trememos diante do Teu mandamento,
porque não sabemos amar assim,
nem servir assim.
Mas Tu, que lavaste até os pés de Judas,
mandaste que também fizéssemos o mesmo.
Por isso clamamos:
dá-nos a capacitação do Espírito,
quebra nosso orgulho,
ensina-nos a descer como Cristo desceu,
para que possamos servir não só aos amigos,
mas também aos inimigos.
E que, quando isso acontecer,
não sejamos vistos nós,
mas a Tua glória refletida em nossa fraqueza.
Amém.
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