O Astro Rei e o Quarto Dia da Criação


Gênesis 1:14–19 (NVT)

Então Deus disse: ‘Haja luzes no céu para separar o dia da noite e marcar as estações, os dias e os anos. Que essas luzes brilhem no céu para iluminar a terra’. E assim aconteceu. Deus criou duas grandes luzes: a maior para governar o dia e a menor para governar a noite, e criou também as estrelas. Deus colocou essas luzes no céu para iluminar a terra, para governar o dia e a noite e para separar a luz da escuridão. E Deus viu que isso era bom. A noite passou e veio a manhã, encerrando o quarto dia.”


Nestes dias, confesso que estou tomado por certa saudade. Ontem falávamos sobre andar pelos cerrados da nossa infância, quando cada caminho parecia esconder um novo sabor e uma nova descoberta. Era tempo de se maravilhar com o simples — e o simples era sagrado.
Lembro-me bem das frutas que colhíamos pelo caminho: o pequi de aroma forte, o araticum com seu sabor terroso, o caju azedo que grudava nas mãos, a mangaba doce, o buriti refrescante, o maracujá-do-mato que perfumava o ar. Cada uma era um presente da terra, e cada mordida trazia a lembrança de que Deus realmente viu que tudo era bom.

Meu pai tinha uma pequena venda, e era lá que eu passava boa parte das tardes, observando o vai e vem das pessoas e ouvindo as modas de viola tocando no rádio de pilha. Foi ali que aprendi a gostar daquelas canções sertanejas antigas, que falavam da vida, do tempo, da natureza e do amor. Algumas ainda hoje me transportam de volta àquela varanda de chão batido, entre um refrigerante quente e o cheiro de café coado.

Há uma música que gosto de ouvir, embora não seja daquela época, que sempre me faz lembrar desses dias: Astro Rei. É uma poesia que fala do sol — o mesmo sol que o Criador acendeu no quarto dia da Criação.





No quarto dia, o Criador não apenas acendeu o sol no firmamento — Ele estabeleceu o ritmo da vida. Até então, havia luz, a própria manifestação da glória de Deus; mas agora, Ele define sua fonte visível, sua medida, sua ordem. O tempo ganha ponteiros, e o relógio da criação começa a marcar dias, estações e anos sob a direção da voz divina.

Deus ajustou o sol com precisão absoluta. Não um grau mais perto, nem um grau mais longe. Um leve desvio bastaria para que a vida fosse impossível. Se estivesse um pouco mais próximo, seríamos consumidos em fogo. Se estivesse um pouco mais distante, o frio nos congelaria. Tudo — absolutamente tudo — foi calibrado pela sabedoria do Criador. A inclinação do eixo, a distância exata, o giro da Terra e até a espessura da atmosfera obedecem a uma engenharia celestial perfeita.

O sol, esse astro que brilha sobre justos e injustos, é mais do que uma estrela entre bilhões — é o servo de Deus, designado para sustentar o ciclo da vida. Dele dependem as colheitas, as estações, o calor dos corpos e o brilho das manhãs. Ele aquece os mares, movimenta ventos, alimenta as plantas e desperta a esperança de um novo dia.

E quando seus raios tocam o escudo protetor da Terra — a magnetosfera que envolve o planeta — o céu responde com um espetáculo de beleza e reverência: as auroras boreais. É como se a criação, em cortinas de luz colorida, ainda dançasse ao som da primeira ordem: “Haja luzes no céu!”.



Cada amanhecer é, portanto, uma renovação da fidelidade de Deus. O sol cumpre seu papel, o dia se levanta, e a noite cede. Tudo no tempo certo. Tudo no lugar certo.


Para Considerarmos:
Quando vemos o sol nascer, deveríamos lembrar: ele não é um deus, como pensavam os povos antigos. Ele não comanda, obedece. Ele não possui vida própria, mas reflete a glória Daquele que é a verdadeira Luz do mundo — Jesus Cristo, o Sol da Justiça, cuja luz jamais se apaga.

E talvez, ao ouvir novamente a canção Astro Rei, possamos ver mais do que uma poesia sobre o sol. Podemos ver um lembrete de que todo brilho aponta para uma Fonte — e essa Fonte é o próprio Deus, que disse: “Haja luz!”, e a luz continua a existir.




Senhor dos céus e da terra,
Tu que penduraste o sol no firmamento e ordenaste seu caminho,
ensinai-nos a enxergar Tua sabedoria em cada raio de luz.
Que cada amanhecer reacenda em nós a gratidão por Tua fidelidade.
Não permitas que adoremos o criado, mas o Criador.
Faz-nos lembrar que o mesmo Deus que acendeu o sol
também acendeu em nossos corações a luz de Cristo,
o Sol da Justiça que nunca se põe.
Em Seu nome descansamos e nos alegramos.
Amém.

Comments

Post a Comment

Popular posts from this blog

A Falsa Paz do Cavaleiro Branco – Apocalipse 6:1-3

Uma Introdução ao Capítulo 8 de Romanos: A Liberdade em Cristo

A Queda do Homem: O Pecado de Adão e Sua Transmissão à Humanidade